quarta-feira, 26 de junho de 2024

Nossa Senhora, a Mãe de Deus

A Anunciação


Desde o início da criação, o homem, orgulhoso, rompeu o vínculo do amor, desobedeceu, decaiu e se afastou de Deus. Adão e Eva representavam toda a humanidade. O pecado original foi transmitido a todas as gerações. Todos, ao nascer, já carregam este estado natural de separação de Deus.

Porém, Deus nos ama, infinitamente. De nós não desistiu. Desde o Antigo Testamento Ele mandou seus profetas dizer ao povo como seria feito os sacrifícios para a expiação de nossas faltas, a fim de diminuir esse fosso entre o Criador e a miserável criatura. Por amor ainda maior, Deus, para cumprir o seu plano salvífico, enviou o próprio Filho para encarnar, viver e morrer na terra, como o Messias, o Cordeiro de Deus, aquele que tira os pecados do mundo.


Como parte deste divino projeto, foi predestinada uma mulher, ainda adolescente, para a mais importante, relevante e sublime missão que se poderia atribuir a um ser humano: conceber em seu ventre, dar à luz e ser a mãe do próprio Deus. 


Ao longo dos séculos, o homem não aprendeu a lição. Continua desobedecendo os mandamentos divinos e pecando. O mundo antigo, assim como o atual, limitado e transitório, estava perdido, sobretudo espiritualmente, tomado pelas trevas e permeado por pecados, vícios e heresias. 


Em uma sociedade que ainda experimenta guerras, ódio, indiferença e desesperança, quando tudo falhar e falir, há uma esperança para a humanidade: Nossa Senhora sempre intercederá, junto a Seu Filho amado, por nós. 


Mas para compreender Maria, devemos, antes, acolher seu Filho, Jesus Cristo já que, quanto mais adoramos a divindade de Cristo, mais veneramos a maternidade da Virgem Santíssima. Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Maria, sempre virgem e plenamente consagrada ao Pai, gerou humanamente a pessoa divina, que já existia desde sempre e por toda eternidade. Na encarnação, Jesus nasce e se torna homem, mas sem deixar de ser Deus.


A Virgem Maria é a janela através da qual os homens conseguem ter a primeira visão da divindade sobre a terra. Do alto da Cruz, no final de Sua batalha no Calvário, Jesus, em sua infinita misericórdia, como maior prova de amor, deu-nos Sua Mãe como nossa Mãe, ao proclamar “Eis aí a sua Mãe”.


Na Anunciação, o arcanjo Gabriel, emissário de Deus, desceu do céu e foi até a pequena Nazaré. Após saudar, com respeito e admiração, a virgem mais pura que a terra jamais viu, que estava prostrada em oração, disse "Ave, cheia de graça. O Senhor é contigo" (ou, em outra tradução, "Salve, tu que és plena de graça").


Para acalmar a jovem, apanhada de surpresa com sublimes palavras, o anjo acrescentou: Não temas, Maria, visto que achaste graça diante de Deus. Após pronunciar o nome da virgem, perguntou-lhe se estava disposta a dar a Deus uma natureza humana, ao anunciar a boa-nova: “Tu conceberás no teu seio e darás à luz um filho a que porás o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo, o Senhor Deus Lhe dará o trono de Davi, Seu Pai. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e o Seu reino jamais terá fim. (Lc, 1, 30-33).


Isaías, sete séculos antes, já anunciava que “uma Virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado Emmanuel”.


Na mente daquela donzela, havia um problema relevante, pois tinha se consagrado de corpo e alma a Deus. Um honrado artesão da aldeia, simples carpinteiro, acabava de pedi-la em casamento, que foi aceito pelos pais. O noivo era José, filho de Davi, homem justo, e os esponsais - longe de constituírem um obstáculo, haviam de ser um requisito indispensável para a encarnação divina - já estavam celebrados. Indagou ao emissário celestial como “isso aconteceria, já que não conhecia homem algum”.


Queria saber, no fundo, como podia ser virgem e mãe. Foi então que o Anjo explicou que aquela concepção seria obra do Espírito Santo, uma ação sobrenatural de Deus, um milagre que lhe permitiria manter o seu voto e sua virgindade, antes, durante e depois do parto de Nosso Senhor.


Maria imediatamente compreendeu seu papel no plano de Deus e, sem duvidar um instante sequer, deu seu consentimento dizendo: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra". Naquele instante foi concebido o Verbo, que se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que possui na qualidade de Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. O Filho, que a partir de então, começava a se formar e crescer dentro daquele puríssimo ventre materno, era nada menos que a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, gerada pelo Pai, desde a eternidade.


O que ocorreu, na Anunciação, foi Deus, reafirmando Seu sublime amor por nós, pedindo o livre consentimento de uma mulher para ajudá-Lo a se incorporar na humanidade. Assim como no primeiro jardim Eva, desobediente, trouxe a destruição, também no jardim de seu ventre Maria, a mais obediente de todas as criaturas, traria a redenção.


Naqueles dias, Maria foi visitar sua prima Isabel, que vivia em um vilarejo próximo a Jerusalém. Maria chegou à casa de Isabel e saudou-a. Contudo, Isabel, ao vê-la, ficou petrificada, estremecida e admirada, quando então, revelando pela primeira vez aos homens o mistério da Encarnação, disse: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Como pude eu merecer que viesse ter comigo a mãe do meu Senhor?


João Batista, na ocasião, apenas um feto em gestação no ventre de sua mãe, estremece de gozo, salta de alegria e começa a já cumprir a sua missão de precursor; tomado pelo Espírito Santo, sente a presença Daquele que, três décadas depois, apontará para todos como o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo.


Por vontade e conveniência de Deus Todo Poderoso, Maria foi preservada de todo pecado. A Virgem Santíssima, detentora da Graça plena, é toda santa. Foi preservada, desde a concepção por Sant´Ana e São Joaquim, de todo pecado (mortal ou venial). Imaculada Conceição é a concepção de Maria, pura, não manchada. A nossa Bendita Mãe, em virtude dos méritos da redenção do Seu Filho, desde o princípio, foi também preservada da mancha do pecado original e assim permaneceu, fiel, por toda a sua vida terrena.


Jesus, o próprio Criador, não poderia ter contato com qualquer pecado enquanto estivesse no ventre de Sua mãe. Aquele sacrário, o primeiro tabernáculo do Salvador, tinha que ser totalmente puro e imaculado. Maria, então, estava completamente cheia de graça e não tinha qualquer espaço para o pecado.


Nossa Senhora é a realização de tudo o que Deus teria desejado que os homens fossem. Nas Bodas de Caná, ela disse: Fazei tudo o que Ele vos disser! Ela é o ideal que Nosso Senhor antevia, o modelo perfeito. Deus pensou e predestinou especialmente Maria, no princípio dos tempos e desde toda a eternidade. É o ideal de amor que Deus amava ainda antes de criar o mundo.


Nossa Senhora é, assim, medianeira entre os homens e Jesus, que contemplou da Cruz as duas criaturas que Lhe são mais queridas sobre a terra: João e Sua Santa Mãe.


Em 11 de fevereiro de 1858, nos Pirineus, França, na pequena aldeia de Lourdes, a Bem-Aventurada Virgem apareceu pela primeira das dezoito vezes à Santa Bernadete, quando revelou: “Eu sou a Imaculada Conceição”.


Em Fátima, Portugal, 13 de maio de 1917, Nossa Senhora apareceu trazendo consigo o Sol, vestindo-o como um traje, para nos recordar que o sol e os raios pertencem a Ela e à vida e não à morte. Naquela ocasião, os três pastorinhos, ainda crianças - Jacinta, Francisco e Lúcia - após se ajoelharem e rezarem, como de costume, o Rosário, foram testemunhas presenciais da presença, sobre a rama verde de uma azinheira, de uma “linda Senhora”, mais resplandecente que o sol, vinda do Céu.


A Igreja declarou solenemente quatro Dogmas (verdades reveladas pela Igreja, de forma solene) a respeito da Virgem Santíssima: Maternidade Divina (proclamado pelo Concílio de Éfeso, no ano de 431); Imaculada Conceição (definido pelo papa Pio IX, em 1854); Virgindade Perpétua (Concílio de Trento no ano de 1555); Assunção de Nossa Senhora (proclamado em 1º novembro de 1950, pelo papa Pio XII, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus).


Maria é a mãe do Filho de Deus humanado, do próprio Deus encarnado. Segundo Lucas (1:43), aquele que Ela concebeu como Homem, por obra do Espírito Santo, e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Nossa Senhora, com o seu Sim, colaborou e correspondeu com o desígnio divino da salvação ao gerar, em seu santíssimo ventre, o homem que era plenamente homem e inteiramente Deus.


Por um privilégio singular e especialíssimo concedido por Deus, a Bem-Aventurada Virgem Maria venceu o pecado e, por sua Imaculada Conceição, não estava sujeita à lei natural da corrupção corporal no sepulcro. Não foi preciso que ela esperasse até o fim dos tempos para obter a ressurreição de seu corpo.


A Imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. 



Salve, Rainha, 

mãe de misericórdia, 

vida, doçura, esperança nossa, salve! 

A Vós bradamos, 

os degredados filhos de Eva. 

A Vós suspiramos, gemendo e chorando 

neste vale de lágrimas. 

Eia, pois, advogada nossa, 

esses Vossos olhos misericordiosos 

a nós volvei. 

E, depois deste desterro, 

nos mostrai Jesus, bendito fruto 

do Vosso ventre. 

Ó clemente, ó piedosa, 

ó doce Virgem Maria. 

Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, 

para que sejamos dignos das promessas de Cristo.


No amor e na paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!