terça-feira, 21 de maio de 2024

O verdadeiro significado da Santa Missa

O verdadeiro significado da Santa Missa 


“Encontraremos o Calvário renovado, revivido, reapresentado, como nós vimos, na Missa. O Calvário é uno com a Missa e a Missa é uma com o Calvário, pois nos dois está o mesmo Sacerdote e Vítima” (Fulton J. Sheen)

 

“O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sacerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima” (Encíclica Mediator Dei, de Pio XII)

 

A Santa Missa é “verdadeiro e singular sacrifício de Cristo na Cruz” (Concílio de Trento).

 

“ O nosso Salvador instituiu na Última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício Eucarístico do Seu Corpo e do Seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos até Ele voltar, o Sacrifício da Cruz, confiado à Igreja, Sua esposa amada, o memorial da Sua morte e ressureição” (Concílio Vaticano II, Sacrossanctum Concilium, § 47)

 

“Fazei isto em memória de Mim” (Lucas, 22,19)

Atualmente não é incomum as pessoas irem à Missa pelos mais variados motivos. Porém, muitos ainda não sabem, de fato, o que realmente significa, tampouco, conferem à ela sua verdadeira importância. Não se trata de uma simples ceia, culto ou reunião de fiéis para oração. A cegueira espiritual do povo ofusca o aspecto sacrifical da Santa Missa, que é o mais importante. 

É necessário restaurar e compreender a importância da Santa Missa e procurar dela participar com maior adoração a Cristo, movidos pelos sentimentos de piedade e devoção.

A Santa Missa – ato culminante do culto cristão – é o sacrifício de Cristo na Cruz, tornado presente. Nosso Senhor Jesus Cristo, lá está, não mais morto, mas vivo e glorioso! 

Prestamos ao Criador, simultaneamente, um culto de adoração, de reparação e de ação de graças. No Santo Sacrifício da Missa, é o próprio Senhor Jesus Cristo quem se oferece ao Pai, renovando sua Paixão, agora, de forma incruenta, como ocorreu desde a agonia no horto até a sua crucificação. 

Jesus Cristo, por amor, se encarnou no meio de nós unicamente para morrer na Cruz, como forma de remissão dos nossos pecados. Por sua Paixão, restaurou a amizade ao acabar com o abismo existente entre Deus e os homens, aberto pelo pecado original, em razão da desobediência de Adão. A Sua morte, assim, foi o momento supremo para o qual Cristo viveu. Era a única coisa pelo qual desejou ser lembrado. 

Este memorial foi instituído, pelo próprio Salvador, na noite anterior à Sua Paixão. Na Quinta-Feira Santa, durante a Última Ceia, horas antes de se deixar capturar, ele ordenou a seus discípulos: “Fazei isto em memória de Mim” (Lucas, 22,19). 

É exatamente essa ação, pelo qual revivemos Sua morte na Cruz, que consiste no sacrifício da Missa. Um símbolo incruento, sem derramamento de sangue, da separação do Pão e do Vinho. Cristo se ofereceu, porque “ninguém tem amor maior que o daquele que dá a vida pelos seus amigos” (João, 15, 13), como a vítima perfeita, definitiva e única, para ser imolada, a fim de que toda a humanidade nunca se esqueça do propósito de sua Paixão. 

Na celebração do mistério pascal, há a conversão, pelo fenômeno da transubstanciação, do pão e do vinho em corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. A matéria é o pão, feito de trigo e o vinho puro, de uva. Mas as substâncias do pão e do vinho se tornam o verdadeiro Corpo e Sangue do Salvador, ressurreto e vivo. O autor da graça é o próprio Cristo, presente na Eucaristia, em corpo, sangue, alma e divindade. 

O sacrifício da Cruz ainda está acontecendo, é um drama permanente. O Calvário pertence a todos os tempos e a todos os lugares. 

A Santa Missa, palco da consagração, pelo sacerdote, é regida entre nós pelas regras do Missal romano. Possui os ritos litúrgicos que lhe são próprios e preparatórios para o que lhe é fundamental: o sacrifício. 

No Ofertório da Missa, Nosso Senhor Se oferece ao Seu Pai celestial. O pão e o vinho bem representam a substância da vida. Devemos, também, de forma simbólica, nos ofertar, de corpo e alma, ao Sacrifício da Missa. 

No momento da Consagração, toda a assembleia é transportada para o Calvário, no instante da crucificação de Jesus. O sacrifício do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, foi único, suficiente e será, para sempre, lembrado e tornado presente. É o sacrifício vicário de Jesus Cristo que se ofereceu por nós, para nos dar a vida eterna. 

Para o sacrifício, necessariamente, é preciso um sacerdote, que comandará o ato sacrificial, além de um altar, local onde o sacrifício é oferecido, outrora, a Cruz do Calvário. Por fim, para consumar o ato, deve estar presente a vítima, antes o cordeiro, oferecido em holocausto, para expiação das faltas. Agora, o próprio Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo. 

Jesus nasceria, no seio da Virgem Maria, sob a ação do Espírito Santo, para morrer pelos nossos pecados. Não éramos merecedores da salvação, diante da nossa natureza pecadora e miserável, mas Deus, em sua infinita misericórdia, enviou-nos Cristo por amor. 

A Igreja nasce, conforme proclama Santo Ambrósio, do coração trespassado de Cristo, morto na Cruz. Do Seu lado aberto pela lança do soldado romano, Jesus construiu sua Igreja, que posteriormente se manifestou publicamente em Pentecostes. Quando perfurado, Dele saiu sangue e água, os dois sacramentos principais: batismo e eucaristia. Cristo fez um sacrifício da Nova Aliança entre o céu e a terra, mediado pela Igreja. 

O sacrifício de Cristo na Cruz não é revivido na Missa, mas sim ele se torna presente. O sacrifício é o mesmo, aquele que Ele morre para nos salvar. Temos o mesmo privilégio daqueles que estavam, de pé, no Calvário na Sexta-Feira Santa (a Santíssima Virgem Maria, sua irmã, Maria de Cléofas, Maria Madalena e São João). 

Na liturgia, a Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica, se une ao coro dos anjos e santos, para celebrar a vitória de Deus sobre o pecado, e render-Lhe glória e ação de graças, para sempre. 

Ao participarmos efetivamente da Santa Missa, precisamos ter sempre mais adoração a Cristo, que nela se oferece por nós, e procurar dela participar com mais fé e a necessária consciência.

Participar da Missa é alcançarmos o Calvário e a sua continuação. "Pegue sua cruz diariamente e siga-me". Todos têm uma cruz.

Durante a liturgia, primeiro, já no Ofertório, nos oferecemos, de corpo e alma, a Cristo. Nos fazemos presentes no altar, sob a forma de pão e vinho; em seguida, na Consagração, que consiste na reencenação ritual da morte de Cristo, somos também crucificados e morremos com Ele, através da separação do sangue e do corpo. 

Como estamos no altar, também morremos com Ele, deixando todo nosso orgulho, luxúria, inveja, gula, preguiça, avareza e os nossos pecados para trás. Enfim, como ninguém jamais morreu por Cristo sem receber uma recompensa, no terceiro ato, recebemos a vida nova, na Comunhão da hóstia consagrada, com a ressurreição do Salvador.

Não podemos viver em Cristo do jeito pecador e miserável que naturalmente somos. É preciso, antes, reconhecer nossos pecados, mudar, converter e crer. Só morrendo para nós mesmos é que poderemos viver em Cristo e, talvez, recebermos a graça de participar do Reino dos Céus.

O sacrifício do Cordeiro de Deus instituiu a Nova Aliança e a criação do sacramento da Eucaristia. Ele, a vítima perfeita, garante a redenção dos nossos pecados, porque é a oferta divina, propícia e bastante. A Aliança inicial, presente no Antigo Testamento, entre Deus e seus mediadores Adão, Noé, Abraão, Isaac, Jacó, José, Moisés e Davi, era imperfeita, simbólica e pedagógica baseada em figuras e na oferta de sacrifícios e não tinha o poder de resgatar a infinita dívida do pecado entre o homem e Deus. Apenas anunciava um pacto futuro e perfeito, presente, agora, na Nova Aliança selada pelo do Filho do Homem, imolando na Cruz.

 

Sabedores que a Santa Missa consiste no rito fundamental estabelecido por Cristo, a luz do mundo, na Última Ceia, que este singelo texto possa tocar seu coração e que, com a graça de Deus, cada cristão participe e vivencie a próxima Missa com o devido respeito, amor e piedade.


No amor e na paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!